O amigo Higor foi quem me levou de Prudente a Jaú. Por conta da ansiedade, dormi pouco, mas despertei animado e com vontade de cair na estrada. Às 7 h 15 min, subi na bicicleta e já encarei a primeira subida rumo à rodovia sentido Dourado, Ribeirão Bonito e São Carlos.
Após 43 km cheguei no obelisco, que marca o meio do estado de São Paulo. Segui no pedal em uma manhã ensolarada e vento contra. Aqui o vento deu uma pausa e consegui melhorar o ritmo do pedal.
Esse primeiro dia foi um marco para mim, pois concluindo este estágio, concluí a travessia de leste a oeste do Brasil. Em 2004 eu havia pedalado de Prudente a Wanda, na Argentina; em 2008 fui de Descalvado a Paraty, pelo Caminho da Fé; e em 2010 eu pedalei de Prudente a Jaú.
Após percorrer 141 km em 7 h, cheguei ao hotel, ponto de partida para o Caminho da Fé.
O tempo virou e a chuva caiu durante boa parte da noite. Segui por alguns quilômetros com garoa fina rumo a Pirassununga pela estrada vicinal. Antes de Pirassununga peguei 8 km de estrada de terra. Depois segui com destino a Analândia, onde fiz uma pausa para a clássica tubaína e paçoca. Revigorado, segui para a simpática cidade de Torrinha. A pista simples, com muita subida e muitos caminhões, exige atenção redobrada.
Esse dia marcou a metade do Giro do Interior e foi a jornada mais curta da expedição, mas as dificuldades continuavam: pista simples, muito caminhão e sobe-e-desce. Segui girando o pedal na estrada e curtindo a viagem até chegar no famoso rio Piracicaba. Cruzei a ponte e alguns quilômetros adiante, outra ponte cruzava o rio Tietê. O amigo Sérgio Renato me recepcionou em Botucatu.
Reparei o primeiro pneu furado da viagem e Sérgio me acompanhou pela rodovia conhecida como Castelinho, até a Rodovia Castelo Branco. Pedalamos 80 km juntos e foi bom ter a companhia de um amigo, que me ajudou a pedalar forte na mais longa etapa do meu Giro. Segui solitário pela Castelo Branco e às 16 h cheguei em Santa Cruz do Rio Pardo, onde encontrei um bom e barato Hotel Fazenda para repousar.
Após alguns quilômetros de pedal chego em Ourinhos, onde encaro mais uma rodovia, a Raposo Tavares. Um sobe-e-desce constante que parece um eletrocardiograma, acompanhado de um calor infernal. Depois de 109 km, chego em Assis e termino a penúltima etapa.
Depois de uma noite de muita chuva, o tempo amanheceu nublado e ainda no quarto do hotel, tenho que reparar o segundo pneu furado da viagem. Após 15 km, a chuva chegou fria e forte, com vento lateral. Eu já avistava placas indicando minha Presidente Prudente, e isso me dava mais ânimo e força para continuar a seguir o meu caminho.
Depois de 50 km, mais um pneu furou no trevo de Agisse. Aproveitei o trevo e embaixo da ponte deitei a bike para trocar a câmara. Na terceira bombada para encher o pneu, a bomba quebrou. Restavam 60 km para concluir o Giro. Vi dois caminhoneiros conversando e aproveitei o compressor do caminhão para terminar de encher o pneu. Segui com medo de ter mais algum furo, pois eu estaria sem bomba.
Depois de 774 km, cheguei à minha cidade com uma alegria imensa por ter finalizado mais este cicloturismo com êxito.
O Giro do Interior recebeu o apoio de empresas que acreditam e incentivam o ciclismo: Vip Outdoor, Godoy Palace Hotel, Ice Creamy, Silque.com, Le Bici BikeShop, Teo Sports e Colégio Átomo.